O que é a Jornada da Heroína? Veja quais são as etapas e exemplos

A jornada da heroína é uma resposta ao modelo proposto por Joseph Campbell

Treinamento SOAP
25/06/2024
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A Jornada da Heroína é um modelo de storytelling focado no desenvolvimento de personagens femininas. Esse conceito foi desenvolvido pela psicoterapeuta e escritora Maureen Murdock como uma resposta e complemento à famosa Jornada do Herói, de Joseph Campbell, de quem ela foi aluna. 

Murdock propõe no livro “The Heroine’s Journey: Woman’s Quest for Wholeness” (lançado no Brasil como “A Jornada da Heroína: A busca da mulher para se reconectar com o feminino”) que a jornada de personagens femininas siga um caminho distinto, refletindo suas experiências e desafios específicos. 

Ou seja, é um contraponto com símbolos compatíveis com a experiência das mulheres no mundo. Mas, assim como na Jornada do Herói, essa estrutura narrativa representa o caminho de autodescoberta da protagonista no mundo.  

Quais são as etapas da Jornada da Heroína? 

A divisão da jornada da heroína é realizada em 10 etapas que representam a trajetória de autoconhecimento.  

Separação do feminino 

A personagem, inicialmente, se afasta do feminino, já que a sociedade patriarcal considera seus valores negativos. As mulheres são vistas como fracas, emotivas e instáveis, levando a heroína a rejeitar aspectos femininos de si mesma. 

Identificação com o masculino e união de aliados 

A heroína se identifica com o masculino, acreditando que essa é a fonte de força e sucesso. Ela se junta a aliados masculinos e embarca em aventuras, seja na carreira, vida familiar, ou outras áreas, enfrentando desafios e buscando autonomia e sucesso. 

Estrada de desafios: ogros e dragões 

Neste ponto, a heroína enfrenta diversos obstáculos e adversidades em sua jornada, simbolizados como ogros e dragões. Ela supera esses desafios, mas o processo a exaure, exigindo sacrifícios pessoais mais profundos. 

Encontrando o boom do sucesso 

A heroína alcança o sucesso em termos convencionais, mas isso leva a um esgotamento. Apesar de suas conquistas externas, ela sente um vazio interior, indicando que algo essencial está faltando. 

Acordando para sentimentos de morte espiritual 

A sensação de vazio leva a heroína a um ponto de crise, em que ela experimenta uma “morte espiritual”. Isso a força a confrontar o custo interno de sua jornada e reconhecer que o sucesso externo não trouxe realização interior. 

Iniciação à deusa 

A heroína começa a reconectar-se com o feminino, simbolizado pela figura da deusa. Este é um período de introspecção e cura, durante o qual ela começa a valorizar e integrar aspectos femininos que havia rejeitado anteriormente. 

Urgência de reconexão ao feminino 

Sentindo a necessidade de um equilíbrio interno, a heroína se esforça para restaurar sua conexão com o feminino. Isso envolve redescobrir seus verdadeiros desejos, sonhos e valores. 

Cura da separação mãe e filha 

A heroína resolve conflitos internos relacionados à figura materna, que inicialmente era vista negativamente. Este processo é crucial para sua cura e integração emocional. 

Cura da ferida masculina 

A heroína também cura a relação com seu lado masculino interno, que havia se tornado tirânico. Ela reconhece que a cultura e a sociedade eram as forças que massacravam o feminino, não o próprio masculino. 

Integração do masculino e feminino 

Finalmente, a heroína encontra equilíbrio entre os aspectos masculino e feminino dentro de si. Ela se torna completa, capaz de navegar no mundo diário com sabedoria e compartilhar seu conhecimento com a comunidade, servindo como uma figura inspiradora. 

Qual a diferença entre a Jornada da Heroína e a Jornada do Herói? 

Tanto a Jornada do Herói, popularizada por Joseph Campbell em seu livro “O Herói de Mil Faces”, como a Jornada da Heroína, desenvolvida por Maureen Murdock, são modelos narrativos que descrevem o desenvolvimento de personagens em histórias. 

Enquanto a Jornada do Herói tem sido amplamente utilizada em narrativas que não necessariamente focam no gênero, a Jornada da Heroína oferece uma perspectiva que reflete experiências e desafios específicos das mulheres.  

Mulher confiante de braços cruzados com uma sombra de braços fortes atrás representando uma personagem da Jornada da Heroína
Jornada da heroína aborda desafios específicos das mulheres

A Jornada do Herói de Campbell segue um padrão cíclico que pode ser encontrado em mitos e contos de diversas culturas. Esse modelo é composto por 12 etapas

  • Mundo Comum 
  • Chamado à Aventura 
  • Recusa do Chamado 
  • Encontro com o Mentor 
  • Travessia do Primeiro Limiar 
  • Provas, Aliados e Inimigos 
  • Aproximação da Caverna Oculta 
  • Provação Suprema 
  • Recompensa  
  • Caminho de Volta 
  • Ressurreição 
  • Retorno com o Elixir 

Nessa narrativa, o herói retorna ao mundo comum com o conhecimento ou poder adquirido durante a jornada. O foco principal é a transformação do personagem por meio de desafios externos e internos, enfatizando o triunfo sobre adversidades e o crescimento pessoal. 

Por outro lado, a Jornada da Heroína, segundo Maureen Murdock, é composta pelas 10 etapas que abordam a reconciliação do feminino e masculino internos.  

A jornada começa com a Separação do Feminino, em que a mulher se afasta dos valores femininos devido à influência patriarcal, e passa por etapas, culminando na Integração do Masculino e Feminino, na qual encontra equilíbrio e completude interior.  

Este modelo enfatiza a necessidade de reconectar e valorizar os aspectos femininos que foram negligenciados ou rejeitados. 

Portanto, enquanto a Jornada do Herói foca no desenvolvimento através de aventuras e conquistas externas, a Jornada da Heroína aborda uma transformação mais interna e introspectiva.  

Outros contrastes entre os modelos de Campbell e Murdock

A Jornada do Herói é linear e externa, com o herói enfrentando desafios claros e retornando com um prêmio tangível. Em contraste, a Jornada da Heroína é cíclica e interna, com a heroína buscando integração e equilíbrio entre suas qualidades masculinas e femininas. 

A distinção entre as duas jornadas também reflete valores culturais. A Jornada do Herói, com sua ênfase em conquistas externas e superação de adversidades, espelha os valores patriarcais de muitas sociedades.  

Já a Jornada da Heroína, com sua ênfase na integração interna e na valorização do feminino, oferece uma crítica a esses valores, propondo um modelo de crescimento que inclui aspectos tradicionalmente marginalizados. 

Ambos os modelos têm aplicações na narrativa contemporânea. A Jornada do Herói continua sendo uma estrutura poderosa para histórias de aventura e superação. No entanto, a Jornada da Heroína oferece uma perspectiva necessária para representar de maneira mais autêntica as experiências femininas.  

Isso não quer dizer que a Jornada do Herói não pode ser utilizada para em narrativas femininas. Ela pode e, inclusive, aspectos de ambas as estruturas narrativas podem ser combinados. 

Exemplos de narrativas construídas a partir da Jornada da Heroína 

A Jornada da Heroína é caracterizada pelo rompimento com preconceitos e mudanças pessoais. E, assim, é fonte de inspiração para mulheres que enfrentam as pressões do ambiente e para contar histórias que representam suas experiências. 

Nos filmes, séries e animações, podemos encontrar bons exemplos de narrativas construídas a partir da Jornada da Heroína. 

A jovem Mulan, por exemplo, que se disfarça de homem para servir ao exército e salvar o pai doente. Após diversas batalhas, conquista o sucesso junto ao imperador, retorna a sua terra natal e termina reconhecida sem se esconder por trás da imagem masculina. 

Carol Davis, a Capitã Marvel, é outro exemplo. Ela perde a memória de seu passado e desconecta-se de sua figura materna, enquanto precisa lidar com superpoderes para enfrentar um exército de invasores. Ao final, reconecta-se com atributos ligados à maternidade. 

Como usar a Jornada da Heroína nas suas apresentações? 

Utilizar a Jornada da Heroína em apresentações profissionais pode ser uma estratégia poderosa para criar conexões emocionais profundas e transmitir mensagens de forma impactante, especialmente para o público feminino.  

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