Se você já saiu de uma aula com a impressão de estar sabendo tudo e, dias depois, não se lembrava de mais nada, não se assuste.
Se você já saiu de uma aula com a impressão de estar sabendo tudo e, dias depois, não se lembrava de mais nada, não se assuste. A neurociência explicar esse evento.
Segundo a neurocientista Carmem Simon, os seres humanos conseguem decorar apenas 10% de tudo o que lhes é transmitido — seja de um curso, uma reunião, uma apresentação para audiência, um livro.
Carmem foi uma das palestrantes do ATD 2019 e sugeriu alguns passos para garantir que não desperdicemos esses 10% na hora de nos comunicar com alguém.
O primeiro deles está bem relacionado ao que nós, da SOAP, chamamos de diagnóstico da audiência. A dica dela é a mesma que a nossa: antes de botar a mão na massa, estude e pesquise muito (muito mesmo) sobre a audiência.
Simon diz que cada indivíduo tem um modelo mental diferente. Cada pessoa se atrai, dá mais atenção e gosta de atividades distintas.
Se você quer cativar as pessoas em uma apresentação, deve saber quais são os gostos daquelas pessoas, os programas que costumam fazer, quais problemas elas pretendem resolver. Depois, é hora de mostrar como pode ajudá-las.
Outro ponto importante que a neurociência revela está relacionado ao nosso sistema de recompensa. Estamos sempre em busca de uma recompensa, de uma sensação boa na hora de executar tarefas. Você já deve ter ouvido falar no neurotransmissor do prazer: a dopamina.
Quando nós fazemos algo que nosso corpo avalia como positivo (como comer pizza e depois sorvete de sobremesa), a dopamina é liberada, trazendo uma sensação gostosa que faz com que queiramos fazer isso cada vez mais.
A função da dopamina não é relacionada apenas a comportamentos biológicos, ela também atinge comportamentos sociais. Se você ouviu um elogio do seu chefe uma vez depois de ter feito algo certo, por exemplo, provavelmente vai querer ouvir sempre.
E é isso que nos motiva a produzir mais e a fazer o trabalho correto. Segundo Carmem, somos movidos por recompensas. Se elas não existirem, o nível de dopamina cai – e com ele a nossa motivação para produzir.
No entanto, diferentemente do que você possa imaginar, a neurociência mostra que a dopamina não está relacionada ao prazer em si.
Está relacionada à antecipação do prazer, ou seja, à atividade que você desempenha para alcançar a sensação boa – seja ela trabalhar para ganhar um aumento e conseguir viajar, tomar um suco bem gelado em um dia quente ou dormir por horas após uma semana cansativa. O que Carmem mostra é que é possível usar esse mesmo sistema para cativar a audiência em apresentações.
“Como você fornece esses elementos na sua comunicação? Recompensa, antecipação [da dopamina] e incerteza?”, questiona a especialista durante a palestra.
Com recompensa, podemos pensar desta forma: como você mostra o que a audiência pode ganhar ao ouvir o que você tem a dizer?
Depois, o que a sua reflexão traz de positivo para que o processo reflexivo de cada uma dessas pessoas gere uma sensação de prazer ao término do seu discurso? Por fim, quais alternativas você traz para os problemas apresentados? Como conta essas alternativas?
A técnica apresentada pela especialista para que a audiência fique engajada no seu discurso – e não se esqueça do que você está falando depois – é: não, apresente algo complexo e diferente do que ela está acostumada logo de cara.
Primeiro, trate de assuntos que as pessoas conhecem. Depois, dê uma nova visão ao que elas já conhecem, apresentando algum problema ou questão que poderia ser desenvolvida. Por fim, é hora de apresentar as soluções.
Vamos imaginar, por exemplo, que você está em uma apresentação de resultados, sua equipe não teve um desempenho tão bom nesse trimestre e você quer motivá-la a ir melhor no próximo. Você pode fazer um apanhado breve dos passos tomados por vocês no período.
Depois, mostrar os possíveis erros e o que poderia ter acontecido se eles tivessem optado por outra rota no meio do percurso. No final, diga o que eles devem evitar a partir de agora e quais os próximos passos a serem tomados.
Seguindo essas dicas, garante a neurocientista, a sua audiência ficará vidrada em você – e principalmente no que você tem a dizer – durante a sua próxima apresentação!
Para saber mais sobre os estudos da neurociência, continue com a gente e leia o artigo sobre Neuromarketing: como utilizar a estratégia na comunicação.