É crescente a paixão dos brasileiros pelas narrativas envolventes e emocionantes dos doramas
Se em pleno 2024, você ainda não ouviu alguém falar sobre doramas, talvez esteja vivendo em uma bolha. Isso porque os dorameiros – como se autodenominam os fãs de dorama – sempre estão dispostos a falar sobre sua grande paixão: as novelas asiáticas.
Seja japonês, chinês, tailandês ou, principalmente, sul coreano, o storytelling dos doramas vem ganhando espaço e os rankings de mais assistidos dos streamings, como a Netflix.
Com histórias, em sua maioria, dramáticas e românticas, a estética e dinâmica são muito diferentes das produções brasileiras, norte-americanas e europeias. E isso vem conquistando cada vez mais os corações dos brasileiros.
Hoje, o Brasil é o quinto país que mais consome doramas no mundo e esse comportamento vem refletindo nas produções nacionais brasileiras, como é o caso da novela ‘Volta por Cima’, que tem um núcleo de k-drama.
O consumo das novelas asiáticas refletem no comportamento social – seja online ou offline – no Brasil. Pessoas deixam de sair de casa para assistir suas novelas, reproduzem sinais com as mãos e absorvem palavras em outras línguas como fizemos com palavras em inglês, como marketing e storytelling.
Entre a novela e a série, os doramas são programas de TV que atualmente são encontrados em streamings e que têm apenas uma temporada com cerca de 12 a 24 episódios de 40 minutos a uma hora de duração.
Apesar do gênero ser derivado do Japão, a variedade de doramas mais conhecidos aqui no Brasil são os K-dramas – ou seja, os dramas coreanos – que, diferente das novelas brasileiras, são mais curtos e o foco está mais nos protagonistas do que no restante do elenco.
Além disso, o ritmo do dorama é muito mais lento que uma novela brasileira. Por exemplo, dificilmente você verá o casal protagonista se tocar logo nos primeiros episódios. O que instiga o público a querer que eles façam coisas que para nós, brasileiros, são consideradas simples, mas na série se tornam algo extremamente especial, como dar as mãos.
Esse é o primeiro ponto a ser observado ao falar do storytelling. A narrativa conecta a audiência de forma que, mais do que não conseguir deixar de assistir à série, deseja também consumir produtos, usar marcas de merchandising e experimentar a gastronomia retratada, buscando a aproximação com aquele universo.
Esse envolvimento emocional é uma das estratégias mais eficazes para que o público crie um vínculo com o dorama e, por consequência, com os elementos culturais que ele traz consigo, desde os costumes coreanos até a forma de enxergar o romance e as relações interpessoais.
Outro fator que chama a atenção nos doramas é a maneira com que são combinados elementos tradicionais da cultura asiática com a modernidade das grandes cidades.
Seja por meio dos trajes, da comida ou dos valores familiares, o espectador é transportado para uma outra realidade, provocando uma sensação de familiaridade e, ao mesmo tempo, de descoberta. Isso faz com que o dorama transcenda a simples função de entretenimento, tornando-se uma ponte cultural entre o Oriente e o Ocidente.
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Antes de criarmos um bom storytelling, devemos saber para quem estamos falando e como aquela linguagem vai se adaptar a ele.
Acontece que o dorama transcendeu seu público-alvo, antes designado para o oriente. O público que assiste, pelo menos no Brasil, vai da geração Z aos Baby Boomers, o que torna esse formato audiovisual um grande sucesso.
Essa diversidade etária no público do dorama reflete a versatilidade do formato. Para a geração Z, o dorama oferece tramas que exploram questões atuais como identidade, amor e carreira, muitas vezes com cantores de K-pop que fazem parte da sua banda favorita.
Já para as gerações mais velhas, o dorama atrai com histórias que apresentam valores familiares, romantismo mais contido e um ritmo narrativo mais lento, que remete às novelas tradicionais, porém com um toque moderno e exótico.
Outro ponto interessante é como o dorama consegue criar uma conexão emocional com públicos tão variados ao focar em temas universais.
A busca pelo amor, o desejo de pertencimento, a superação de desafios pessoais e o valor da amizade são questões que permeiam todas as faixas etárias e culturas.
Isso faz com que o dorama seja acessível e atrativo para qualquer pessoa, independentemente de idade ou origem cultural. Mesmo sendo produzido em outro continente, o dorama fala diretamente às emoções humanas, o que explica seu sucesso global.
Além disso, a cultura dos streamings ajudou a amplificar o alcance dos doramas. Plataformas como a Netflix oferecem um catálogo variado de opções, facilitando o acesso para o mundo todo.
Um bom storytelling é aquele que vai te prender do início ao fim, seja numa apresentação, num livro ou até mesmo numa novela coreana.
Quando olhamos para o universo do audiovisual asiático, vemos algo fora da bolha ocidental e acabamos nos encantando por ela.
Para criar sua própria história, você precisa de referências: você precisa sair da sua bolha, encontrar novos formatos e estilos e tirar ideias que são capazes de encantar seu público, assim como os doramas encantaram o Brasil.
Storytelling é treino. É esforço e dedicação. Fazer um bom storytelling não é apenas sentar e adaptar um formato qualquer para o seu cliente. Requer pesquisas, brainstorming, referências e até mesmo deixar o ego de lado pra entender o que é produzido fora da nossa zona de conforto.
Uma das chaves do bom storytelling é a capacidade de gerar identificação emocional. Grandes histórias, como vemos nos doramas, são aquelas que tocam o público de forma profunda, explorando sentimentos universais como amor, medo, perda e esperança.
Ao construir sua narrativa, é essencial criar personagens com os quais seu público possa se conectar. Quanto mais verdadeira for a emoção, mais forte será o impacto da sua história. O espectador ou consumidor precisa se enxergar na trama, torcer, sofrer, rir junto com os personagens para que a experiência seja memorável.
Além disso, o storytelling eficaz utiliza a estrutura da narrativa para criar envolvimento. No caso dos doramas, a construção de tensão e o desenvolvimento lento do enredo criam uma expectativa que mantém o público ansioso pelo que vem a seguir. Isso é algo que pode ser aplicado em qualquer contexto narrativo.
A sua história precisa de uma progressão clara e de momentos de clímax bem colocados para que a audiência continue investida. Não se trata apenas de contar os fatos, mas de saber como organizá-los para provocar reações.
A seguir, veja três doramas para se inspirar na hora de criar seu storytelling, seja para qual for o segmento em que você trabalha. Referências nunca são demais.
A trama gira em torno de Yoon Se-ri, uma herdeira sul-coreana que, durante um acidente de parapente, acaba cruzando a fronteira e aterrissando na Coreia do Norte. Lá, ela conhece o capitão Ri Jeong-hyeok, um soldado norte-coreano que decide protegê-la e ajudá-la a voltar para casa, mesmo com todos os perigos e diferenças entre seus mundos.
A história segue Moon Gang-tae, um cuidador de saúde mental que dedica sua vida ao cuidado de seu irmão mais velho, que é autista, enquanto esconde suas próprias dores e traumas.
A trama ganha novos contornos quando Gang-tae cruza o caminho de Ko Mun-yeong, uma escritora de livros infantis famosa por suas histórias sombrias e por sua personalidade fria e problemática.
À medida que os dois se envolvem, o dorama explora questões emocionais e psicológicas, como traumas de infância, saúde mental e a importância de aceitar as próprias vulnerabilidades.
Uma história de amor madura e realista, centrada em Yoon Jin-ah, uma mulher na casa dos 30 anos que trabalha em uma grande empresa de café, e Seo Joon-hee, o irmão mais novo de sua melhor amiga, que retorna à Coreia após trabalhar no exterior.
O dorama se destaca por abordar o romance entre Jin-ah e Joon-hee de forma delicada, mostrando como a diferença de idade e as pressões sociais impactam o relacionamento.
Ao explorar o preconceito em torno de namoros com grande diferença de idade, o enredo também toca em questões mais profundas, como as expectativas impostas às mulheres em ambientes de trabalho e os desafios das relações modernas
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