Entenda como a glossofobia, o medo excessivo de falar em público, se manifesta e quais são as formas de lidar com essa fobia
A glossofobia é o medo extremo e irracional de falar em público. Esse tipo de fobia pode desencadear uma série de sintomas, como tremores, suor excessivo, batimentos cardíacos acelerados e até mesmo ataques de pânico.
A forma de manifestação varia de pessoa para pessoa, mas o que a caracteriza é a alta intensidade do medo.
Embora seja um medo comum – algumas pesquisas sugerem que o medo de falar em público supera até mesmo o medo da morte de mais da metade das pessoas –, é fundamental tratá-lo caso venha a se tornar uma fobia.
Além de ser um inconveniente, a glossofobia pode atrapalhar o desenvolvimento social e profissional. Já imaginou um gerente que precisa dar treinamentos constantemente e ainda precisar lidar com a fobia de falar em público? Pois é!
Como destaca Eduardo Adas, sócio fundador da SOAP, especialista em comunicação e master practitioner em Programação Neurolinguística (PNL), “uma coisa é você ter o domínio técnico do que você fala, as famosas hard skills. Outra coisa é você demonstrar e comunicar bem seu conhecimento para alguém.”
Por isso é importante entender esse problema, aceitá-lo e tratá-lo. Neste artigo, entrevistamos Eduardo Adas para entender melhor o que é glossofobia, sinais para identificá-la e como lidar melhor com ela.
Uma coisa é ficar um pouco nervoso e com as mãos suadas, mas fazer o que precisa ser feito. Outra é perder oportunidades importantes baseadas nesse medo.
A princípio, o que caracteriza uma fobia como a glossofobia – ou seja, o que faz ela deixar de ser um medo normal e passa a ser um transtorno psicológico – é a irracionalidade.
Quando falamos em fobia, não se trata da resposta a uma ameaça real ou proporcional, mas um comportamento ansioso que, no caso da glossofobia, pode ser impulsionado pelo gatilho de se expor ao público.
O simples pensamento de ser o centro das atenções, seja em uma apresentação profissional no trabalho, uma palestra acadêmica ou mesmo em uma conversa informal, pode desencadear uma série de sintomas físicos e emocionais avassaladores que travam a pessoa.
Mas engana-se quem pensa que apenas os tímidos são suscetíveis a esse problema. De acordo com Eduardo Adas, esse tipo de fobia pode acometer até os extrovertidos.
“Não apenas introvertidos podem ser acometidos pela glossofobia. Mas claro que quanto mais introvertido você for, maiores as chances de isso ser um incômodo para você.”
É importante destacar que a glossofobia, assim como outros tipos de fobias e transtornos ansiosos, pode se manifestar com diferentes sintomas em cada pessoa. Por isso, é importante passar por uma avaliação profissional para ter certeza.
Mas alguns sintomas podem ser comuns e servem como um sinal de alerta se passam dos limites.
Sentir ansiedade é normal e, inclusive, faz parte do ser humano. Mas não conseguir controlá-la a ponto de ela definir completamente seu comportamento é um problema.
Quando a ansiedade e outras emoções negativas, como o medo, se manifestam de forma muito intensa ao falar em público, isso pode ser um sinal de glossofobia.
Além do próprio medo de falar em público e do descontrole emocional em si, Eduardo Adas explica que a glossofobia pode apresentar sintomas físicos semelhantes ao de uma crise de ansiedade.
“Podem incluir boca seca, enjoo, por exemplo, além de ficar com uma voz mais tensa, trêmula ou fraca.”
Outros sintomas comuns são sudorese excessiva e tremores.
A maioria das pessoas com transtorno de ansiedade conhece bem esse sintoma: aquela sensação de estar infartando. Se esse tipo de desconforto é engatilhado sempre que você precisa falar em público, fique atento.
A sensação de coração acelerado e palpitações é resultado da resposta do sistema nervoso ao estresse e pode causar desconforto e nervosismo adicionais.
Outro sintoma físico comum da glossofobia é o bloqueio mental. Em momentos de ansiedade extrema, é possível que a pessoa tenha dificuldade em organizar os pensamentos e encontrar as palavras certas para se expressar.
Isso pode levar a pausas prolongadas e momentos de silêncio durante a fala. Sabe a famosa travada de nervosismo? Isso pode ser um sinal.
Em casos mais graves, a glossofobia pode levar uma pessoa a um estado de ansiedade tão intenso que a fobia evolui para um ataque de pânico (durante ou antes de uma apresentação em público).
Os ataques de pânico são episódios intensos de ansiedade, que podem incluir sintomas como respiração acelerada, sensação de sufocamento, tontura, tremores intensos, sudorese excessiva e uma sensação avassaladora de medo e perda de controle.
Ou seja, basicamente, isso pode envolver todos os sintomas listados acima juntos.
Essa é uma dúvida bastante comum, o que é compreensível, já que se trata de duas fobias sociais, que podem até mesmo apresentar sintomas parecidos.
Como explica Eduardo Adas, enquanto a glossofobia é o medo de falar em público, a sociofobia vai além: é o medo e a ansiedade exacerbada de estar dentro de um ambiente social.
A glossofobia é uma fobia social específica da fala, o medo intenso e irracional de falar em público ou de se expressar verbalmente. As pessoas com essa fobia podem se sentir ansiosas, envergonhadas ou temerosas antes, durante e após uma apresentação.
Já a sociofobia é uma fobia social generalizada e se refere ao medo de situações sociais em geral. Isso pode incluir conhecer pessoas novas, participar de festas, eventos sociais ou interações cotidianas.
As pessoas com sociofobia tendem a evitar situações sociais ou acabam experimentando extrema ansiedade e desconforto quando são expostas a elas.
Baseado nas percepções de Eduardo Adas, podemos dizer que existem três esferas nas quais uma pessoa pode tratar a glossofobia:
A primeira coisa a fazer é procurar um atendimento terapêutico para que possa ser diagnosticado corretamente. A partir disso, é possível trabalhar a segunda esfera que é a comportamental.
Na terapia ou durante um processo de autoconhecimento, podemos entender melhor nossas emoções, gatilhos e significados. O que nos permite ter maior controle sobre elas. Isso é fundamental para quem tem fobia de falar em público.
Quando se tem mais controle sobre essas emoções, ficamos menos suscetíveis a ataques de ansiedade. “Consequentemente, você ganha mais autoconfiança e a sua comunicação fica melhor”, expõe Eduardo Adas.
Mas há também o aspecto técnico: quanto mais você domina o que fala, maior a chance de domínio do medo de falar em público. “Você adquire mais segurança quando domina tecnicamente o assunto”, destaca o especialista e sócio fundador da SOAP.
Além disso, desenvolver técnicas de oratória e estudar sobre performance em comunicação é importante. Por exemplo, no workshop SOAP Confiança ensinamos você e seu time a gerenciarem as emoções diante de situações desafiadoras e a como se tornar um comunicador consciente e seguro.
“Mas antes da oratória, vem o domínio emocional. Quanto mais você tem domínio emocional e quanto mais se capacita, maiores as chances de conseguir tratar a glossofobia” conclui Adas.
Conheça também o e-book “Como ser mais seguro ao se apresentar”:
Eduardo Adas: Glossofobia é o medo de falar em público. Sociofobia vai além do medo de apenas falar em público, é o medo e a ansiedade exacerbada de estar dentro de um ambiente social.
EA: Os sinais são o próprio medo de falar em público, mas também podem incluir boca seca, enjoo, por exemplo, além de, visivelmente, ficar com uma voz mais tensa, trêmula ou fraca; a pessoa fica mais rígida no palco. Isso pode acontecer até nos extrovertidos, não apenas introvertidos podem ser acometidos pela glossofobia. Mas claro que quanto mais introvertido você for, maiores as chances de isso ser um incômodo para você.
EA: Impacta muito, completamente. Uma coisa é você ter o domínio técnico do que você fala, as famosas hard skills. Outra coisa é você demonstrar e comunicar bem seu conhecimento para alguém. São duas coisas distintas e complementares. Pessoas com alto grau de glossofobia podem ser prejudicadas porque os outros terão dificuldade de entender o valor daquilo que ela está falando, seja um projeto, ideia, produto ou serviço. Afinal, a comunicação não será clara. Pessoas com glossofobia podem ser mais fechadas e se expõem menos dentro do universo corporativo. E isso, claro, pode reduzir a percepção de valor da pessoa e daquilo que ela propõe para alguém.
EA: Sem dúvidas! Quanto mais trabalhar seu autoconhecimento, mais vai entender quais são os significados das suas emoções negativas e pode ter mais controle sobre essas emoções. Consequentemente, você ganha mais autoconfiança e a sua comunicação fica melhor. Isso acontece da forma mais explícita quando você trabalha seu autoconhecimento e até fazendo sessões de psicoterapia, se for necessário dependendo do grau dessa glossofobia.
Mas há também o aspecto técnico: quanto mais você domina o que fala, maior a chance de domínio do medo de falar em público. Afinal, você adquire mais segurança quando domina tecnicamente, esse é um ponto que precisa ser levado em conta. Outro tratamento, é desenvolver sua autoestima e, a partir disso, se expor mais, se capacitar melhor e desenvolver técnicas de oratória. Mas antes da oratória, vem o domínio emocional. Quanto mais você tem domínio emocional e quanto mais se capacita, maiores as chances de conseguir tratar a glossofobia.
EA: Como comecei falando na pergunta anterior, é necessário estudar e saber muito bem aquilo que você fala, ter um roteiro para a sua narrativa que te deixe seguro por saber que está atendendo as necessidades do público – um bom roteiro cria uma conexão racional e emocional com o público, diminui o risco de ficar travado em público. O próprio medo de falar em público pode também prejudicar a confiança do público, porque as pessoas nem sempre vão assimilar que sua voz trêmula ou postura tensa se devem à fobia de falar em público, eles podem questionar a validade do que está sendo dito.
EA: Obviamente sou suspeito para falar, mas acredito plenamente que os treinamentos e workshops da SOAP aumentam a segurança do apresentador. Se sentindo mais seguro, você fica mais autoconfiante. E essa autoconfiança impacta na sua comunicação não verbal, principalmente. A forma da comunicação dá credibilidade à sua apresentação.
Os workshops da SOAP abrangem desde a parte de estruturação de narrativas, até temas como storytelling, data storytelling, criação de roteiros. Quando você tem um apoio visual também – tanto para passar pelo roteiro quanto para tornar a apresentação mais didática – isso ajuda na confiança. Então um PowerPoint bem-feito pode ajudar não apenas com a compreensão do público, mas também com a confiança do apresentador.
A etapa final do nosso processo, que é o cuidado com a performance, tem tudo a ver com todos os workshops desde comunicação interpessoal, oratória, de domínio emocional. Enfim, todos os workshops capacitam a pessoa e isso tem um impacto, sem dúvida, na confiança que o apresentador vai conquistar.
EA: Tem a ver com a sua capacidade de interagir mais com as pessoas, e isso pode trazer benefícios para a sua marca pessoal e também aumentar chances de sucesso ao apresentar ideias, projetos. Quando as relações interpessoais são mais saudáveis, maiores as chances de conquistar o público.
EA: Em primeiro lugar, trabalhe seu autoconhecimento. Quanto mais trabalha seu autoconhecimento, mais toma consciência das suas crenças limitantes. E quando toma consciência delas, você racionaliza essas crenças e passa a entender as emoções que você tem. Domínio emocional é sobre dominar emoções. Mas você só domina aquilo que você conhece. Então quanto mais conhecer a origem das suas emoções e ressignificá-las, pode até mesmo ser capaz de transformá-las.
Por exemplo: transformar o medo em adrenalina. Tirar o sentimento do lugar de ameaça e pensar na oportunidade, você começa a evoluir e se expõem mais à capacitação, que foi o que eu comecei a fazer quando mergulhei na PNL por exemplo. Isso fez com que eu me expusesse mais e aprendesse mais. Você só vai melhorar sua oratória à medida que se expuser, então suba no palco.