Separe fatos de ficção e aprenda a usar comunicação não verbal de forma estratégica em suas apresentações
A linguagem corporal influencia diretamente como suas mensagens são recebidas em reuniões, apresentações e negociações. Mas nem tudo que se fala sobre o tema tem fundamento científico. Entender o que realmente funciona pode transformar sua comunicação profissional.
Você provavelmente já ouviu que “93% da comunicação é não verbal”. Esse é provavelmente um dos maiores mitos sobre a linguagem corporal difundidos atualmente. Sua origem vem de um estudo do psicólogo Albert Mehrabian, da década de 1960, que acabou sendo mal interpretado.
A pesquisa chegou a uma fórmula que afirma que, na comunicação, 7% do que é entendido vem das palavras em si, 38% do tom de voz, e 55% da linguagem corporal.
Mas, o que acabam esquecendo ao falar desse estudo é o fato de que ele focava exclusivamente na comunicação de emoções, sentimentos e atitudes. Portanto, essa conta não pode ser generalizada para todo tipo de comunicação.
A realidade é mais complexa: a importância da linguagem corporal varia conforme o contexto. Veja a seguir mais mitos e verdades sobre essa forma de linguagem tão importante.
A ideia de que cruzar os braços automaticamente significa resistência ou atitude defensiva é uma das mais enraizadas na nossa mente. Na verdade, pessoas cruzam os braços por diversos motivos: frio, falta de apoio para os braços na cadeira, concentração durante um raciocínio complexo ou simplesmente conforto.
Cruzar os braços serve para muitas coisas! Assumir automaticamente que se trata de um sentimento de bloqueio é um mito.
Em ambientes corporativos, interpretar erroneamente esse gesto pode levar a conclusões precipitadas sobre o interesse ou receptividade da sua audiência. O que você deve observar é o conjunto de sinais e mudanças no comportamento, não gestos isolados.
A programação neurolinguística (PNL) popularizou a ideia de que olhar para cima e para a direita indica mentira, enquanto olhar para a esquerda sugere memórias verdadeiras. Essa afirmação foi desacreditada pela ciência.
A Universidade de Edimburgo conduziu três estudos específicos sobre o tema e não encontrou nenhuma correlação entre a direção do movimento dos olhos e a veracidade da fala.
O problema desse mito é que ele pode levar a interpretações completamente erradas. Pessoas tímidas, introvertidas ou de culturas onde o contato visual prolongado é considerado rude podem evitar olhar diretamente nos olhos. Isso não tem nenhuma relação com honestidade.
Apesar do que prometem alguns “especialistas”, você não pode ler mentes através da linguagem corporal. Mesmo profissionais treinados só conseguem identificar estados emocionais básicos, não os motivos específicos por trás deles.
Se alguém franze a testa durante sua apresentação, isso indica desconforto ou concentração intensa? Está relacionado ao seu conteúdo ou a uma dor de cabeça? É impossível saber sem contexto adicional.
Algumas pessoas acreditam que gesticular excessivamente durante a fala demonstra nervosismo ou falta de controle. Mas, na verdade, pesquisas mostram que gestos com as mãos não apenas ajudam os ouvintes a rastrearem e interpretarem melhor o que você diz, como também potencializam seu próprio pensamento.
Inclusive, tentar manter as mãos completamente paradas enquanto fala pode até limitar sua eficácia como comunicador. O que importa é que os gestos estejam em harmonia com o que você está dizendo.
Se você diz que haverá “um pequeno aumento” e faz um gesto amplo com as mãos, sua audiência percebe algo estranho. Mas quando seus gestos reforçam adequadamente sua mensagem, eles aumentam a compreensão e a retenção da informação.
A conexão entre o que você diz e como você se movimenta pode validar ou invalidar a sua mensagem. Se você está apresentando resultados positivos com expressão facial tensa e ombros caídos, sua audiência percebe a incongruência, mesmo que de forma inconsciente.
Para apresentações corporativas, isso significa que você precisa trabalhar tanto o conteúdo quanto sua entrega. Não adianta ter dados sólidos se sua postura corporal comunica insegurança ou desinteresse.
Embora a famosa “pose de poder“ de Amy Cuddy tenha sido questionada quanto às mudanças hormonais que alegava produzir (aumento de testosterona e redução de cortisol), há evidências sólidas de que a postura afeta seu estado psicológico.
Amy Cuddy apresentando sobre a “Pose de Poder”
Quando você assume uma postura confiante, pés firmes no chão, ombros para trás, cabeça erguida, você pode acessar sensações de confiança vivenciadas anteriormente em situações similares.
Para apresentações importantes, trabalhar conscientemente sua postura antes e durante a entrega pode ajudar você a acessar estados mais produtivos.
Um sorriso verdadeiro não apenas estimula sua própria sensação de bem-estar, mas também comunica acessibilidade, cooperação e te ajuda a conquistar a confiança do público.
A diferença entre sorrisos genuínos e forçados está nas “rugas de Duchenne”, as linhas que se formam ao redor dos olhos. Sorrisos autênticos surgem lentamente, fazem os olhos diminuírem, iluminam toda a expressão facial e desaparecem gradualmente.
Esse tipo de sorriso desencadeia respostas espelhadas: quando você sorri sinceramente para alguém, a pessoa quase sempre sorri de volta. É uma pequena mudança não verbal com impacto significativo.
Gerentes, líderes e executivos entendem perfeitamente o valor de passar horas criando, revisando e ensaiando o que vão dizer em uma reunião ou negociação importante. Ninguém questiona a legitimidade dessa preparação. Por que seria diferente com a linguagem corporal?
Em qualquer interação profissional, você se comunica por dois canais simultâneos, o verbal e o não verbal. Em uma discussão de negócios de 30 minutos, por exemplo, duas pessoas podem enviar mais de 800 sinais não verbais diferentes.
O que prejudica a comunicação não é trabalhar conscientemente esses aspectos, mas sim enviar uma mensagem pela fala que é completamente diferente do que está sendo transmitido pela sua linguagem corporal, e vice-versa.
As microexpressões são expressões faciais rápidas que séries de TV popularizaram como detectores de mentiras. Na realidade, identificá-las com precisão é bem mais difícil do que parece.
O problema é que identificar microexpressões com precisão em situações reais é extremamente difícil, mesmo para pessoas treinadas. A taxa de erro é alta, e o risco de falsas interpretações pode ser prejudicial em contextos profissionais. Além disso, mesmo quando identificadas corretamente, elas revelam apenas a emoção momentânea, não o motivo ou o pensamento completo por trás dela.
Por isso, não é recomendado confiar exclusivamente em microexpressões como ferramenta de análise comportamental.
Não existem fórmulas mágicas ou sinais universais que funcionam em todas as situações.
O que você pode fazer é:
Para apresentações corporativas, a linguagem corporal é um dos elementos de uma comunicação eficaz. Ela precisa estar integrada à estratégia de conteúdo, ao storytelling e à preparação técnica do apresentador.
Dominar a linguagem corporal exige prática consciente e, frequentemente, um olhar externo qualificado. Pequenos ajustes na forma como você se posiciona, gesticula e se conecta visualmente com sua audiência podem multiplicar o impacto das suas mensagens.
A SOAP oferece consultoria completa em apresentações corporativas, integrando estratégia de conteúdo, storytelling e performance do apresentador.
Trabalhamos todos os aspectos da sua comunicação – incluindo linguagem corporal – para garantir que você transmita credibilidade, segurança e empatia nos momentos mais decisivos da sua carreira.