Descubra como a estrutura japonesa transforma histórias em mangás e como aplicá-la em apresentações profissionais
Já parou para pensar no que torna os mangás tão irresistíveis para leitores do mundo todo? Além dos traços artísticos únicos e personagens envolventes, há algo mais profundo no jeito como essas histórias são contadas. Uma das respostas está no Kishotenketsu.
Essa é uma técnica de storytelling tradicional japonesa que cativa narradores e leitores com sua estrutura única. Diferente das histórias ocidentais, que muitas vezes giram em torno de conflitos e superação de obstáculos, o Kishotenketsu busca criar tensão e surpresas sem depender de embates diretos.
Essa técnica, amplamente utilizada em mangás, segue uma estrutura de quatro atos – introdução, desenvolvimento, reviravolta e conclusão. É uma abordagem que valoriza o impacto emocional e a descoberta, transportando o público para mundos ricos em detalhes e possibilidades.
Mas o poder do Kishotenketsu não se limita ao universo dos mangás. Ele pode ser aplicável para qualquer pessoa que deseja contar histórias de forma criativa e envolvente, seja em livros, campanhas de marketing ou apresentações corporativas.
Neste artigo, exploraremos como essa técnica funciona nos mangás, os benefícios de aplicá-la e como ela pode revolucionar a forma como criamos narrativas em diversos contextos.
O Kishotenketsu é uma estrutura de quatro atos que divide a narrativa em:
Ao contrário de estruturas como a Jornada do Herói ou o clássico arco de três atos, o Kishotenketsu não exige um conflito central.
Ele pode se desenvolver inteiramente com base na exploração de situações, personagens ou até conceitos abstratos, o que permite criar narrativas mais contemplativas e inesperadas.
Ou seja, narrativas ocidentais geralmente dependem do conflito como elemento motor da história: heróis enfrentam obstáculos, vilões ou dilemas internos. Já o Kishotenketsu permite que uma história floresça sem antagonismo.
Um exemplo é a comparação entre filmes de ação ocidentais e os filmes de Hayao Miyazaki, como Meu Amigo Totoro ou A Viagem de Chihiro. Nessas histórias, o desenrolar dos eventos não está enraizado em combates ou confrontos, mas sim em descobertas, mudanças e interações orgânicas entre os personagens e o ambiente.
Algumas características específicas desse tipo de narrativa são:
A ausência de conflito direto permite uma narrativa mais fluida. Isso é especialmente valioso em histórias que exploram temas cotidianos ou introspectivos.
O foco no Ten (reviravolta) pode criar plots que mantêm o leitor engajado, mesmo sem grandes confrontos. Essas surpresas frequentemente adicionam camadas emocionais ou cômicas à história.
Embora amplamente associado aos mangás, o Kishotenketsu pode ser aplicado a diversas mídias, como cinema, quadrinhos ocidentais, poesia e design de jogos. E você também pode se beneficiar dessa técnica em suas apresentações profissionais
A fórmula de introdução, desenvolvimento, reviravolta e conclusão permite organizar ideias de forma criativa em diversos contextos. Está difícil de imaginar? Vamos dar alguns exemplos para ajudá-lo!
Imagine uma apresentação corporativa sobre o lançamento de um produto novo, por exemplo. Veja como o Kishotenketsu pode ser aplicado:
Essa estrutura mantém o público engajado do início ao fim, utilizando a surpresa da reviravolta para tornar a mensagem memorável e emocionalmente impactante.
Mas perceba que o seu grande diferencial não está no antagonismo, no problema, mas na forma como a reviravolta é apresentada.
Se você deseja adotar o Kishotenketsu em suas narrativas, aqui vão algumas dicas:
Os mangás são os principais exemplos da aplicação do Kishotenketsu. Muitos autores desse gênero utilizam essa estrutura para criar histórias que capturam a atenção dos leitores, equilibrando momentos de simplicidade com reviravoltas inesperadas. A SOAP separou alguns exemplos (inclusive, vale a leitura!):
Este mangá slice-of-life — histórias que retratam momentos do cotidiano de forma realista e intimista — segue a jovem Yotsuba em aventuras do cotidiano.
Um capítulo típico começa apresentando a premissa (Ki), como Yotsuba visitando um vizinho ou aprendendo algo novo. Em seguida, desenvolve-se o cenário (Shō), explorando as interações e detalhes.
O ponto de reviravolta (Ten) ocorre quando algo inesperado acontece — como Yotsuba interpretando uma situação de forma cômica. Por fim, o desfecho (Ketsu) amarra o episódio com uma reflexão ou resolução leve.
Este mangá de comédia utiliza Kishotenketsu para estruturar vinhetas curtas. Por exemplo, uma história pode começar com as personagens discutindo algo trivial (Ki), desenvolver-se com interações engraçadas (Shō), introduzir um momento absurdo ou surpreendente (Ten) e terminar com um comentário espirituoso que encerra a narrativa (Ketsu).
Embora “One Piece” siga uma narrativa mais complexa e de longo prazo, o autor Eiichiro Oda frequentemente emprega o Ten como um ponto de reviravolta dentro de arcos específicos.
As revelações inesperadas sobre personagens, como a história de vida de Nico Robin ou a origem de Luffy, são exemplos claros de como o Kishotenketsu pode ser adaptado para narrativas maiores.
Mas, além dos mangás, o Kishotenketsu pode ser encontrado em:
Seja no mundo dos mangás, em apresentações corporativas ou mesmo em campanhas de marketing, essa abordagem permite que suas narrativas se destaquem por sua originalidade e profundidade emocional.
Quer aprender mais sobre como aplicar técnicas de storytelling, como o Kishotenketsu, de maneira eficaz em diferentes contextos e canais?
Não deixe de conferir o treinamento SOAP Storytelling, em que você e seu time aprenderão a criar narrativas impactantes e inesquecíveis, conquistando seu público de forma única e envolvente. Saiba mais agora e comece a transformar sua maneira de contar histórias!