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O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto”.
A famosa frase dita por Henry Ford no início do século XX, criador da Ford Motor Company, remete ao modelo Ford de Montagem em Série, ou Linha de Montagem, sendo considerada uma das maiores inovações tecnológicas da era industrial. O motivo do carro preto era que a tinta preta era mais barata, secava mais rápido e os carros poderiam ser montados mais rapidamente. Não, a intenção não era atender o gosto e expectativas do consumidor.
O mundo mudou, o consumidor mudou. E nunca mais engoliu goela abaixo o que foi imposto pela indústria. O consumidor é o rei, o consumidor tem sempre razão. É melhor aceitar caso queira ter sucesso e prosperar.
Tudo isso parece um grande clichê. Usar a palavra clichê também já virou um grande clichê.
Mas você tem certeza que tudo isso é realmente um grande clichê? Tem certeza que ouvir o consumidor é algo que já foi incansavelmente dito e virou coisa do passado? E ainda: você realmente tem ouvido o seu consumidor? Ou mapeado a audiência da sua apresentação? Já já voltarei ao mundo das apresentações…
Sim, ouvir o consumidor é coisa do passado. Mas não se esqueça que é coisa do presente e será coisa do futuro. Pois, se você realmente quer ter sucesso em seu negócio, você precisará ouvir frequentemente o seu consumidor. Ou simplesmente será descartado por ele.
A existência do instituto de pesquisa Data Popular é um exemplo desta necessidade. Há 12 anos faz pesquisas atrás de pesquisas mapeando o comportamento dos consumidores, principalmente os consumidores da base da pirâmide. Isso porque o comportamento está sempre em mutação. Ou seja, o instituto ajuda a traduzir os sonhos, expectativas, dores, necessidades e ambições destes consumidores. Ontem, hoje e amanhã. Ajuda a traduzir para as empresas que focam neste público-alvo o consumidor que existe por trás dos números. E assim, identificar: qual produto oferecer? Quais características explorar? Qual linguagem utilizar na comunicação? E assim por diante. E o que foi feito ontem não servirá mais no próximo ano.
Outro exemplo é a Nestlé. Uma marca reconhecida não só no Brasil, mas nos quatro cantos do mundo. Sólida, com produtos amplamente conhecidos e consumidos. Sinônimo de qualidade. Mas a Nestlé sabe que o sucesso passado não garantirá o sucesso futuro. No ano passado a empresa anunciou que, até o final de 2015, substituiria por opções naturais todos os corantes e aromatizantes artificiais de mais de 250 produtos fabricados nos Estados Unidos.
Segundo a companhia suíça, a mudança foi feita após uma pesquisa de mercado conduzida pela Nielsen apontar que os consumidores da marca buscavam alimentos livres de aditivos. Mais de 60% dos americanos disseram que a ausência de corantes artificiais é um fator importante na decisão de compra.
Basta “dar um Google” que você verá inúmeras empresas adaptarem os seus processos, produtos ou serviços para atender as mais atuais exigências dos consumidores.
”Ponto Frio é reformulado visando consumidor mais sofisticado. “
“Maguary inaugura segmento de alimentos saudáveis. “
E estas empresas continuarão se adaptando. É a Seleção Natural dos tempos modernos, meu amigo. Charles Darwin deve estar orgulhoso! É melhor se adaptar, ou certamente você sofrerá o efeito Kodak.
Em tempo: a partir da década de 1970, o Fordismo entrou em declínio. Os clientes começam a exigir variedade nos automóveis e maior qualidade. Em 1980, no Japão, a Toyota passa a produzir carros com maior qualidade e mais baratos. Assim, sai de cena a Linha de Montagem para a entrada da Produção Enxuta (Sistema Toyota de Produção). Nem preciso dizer a vocês se a Ford foi ou não esperta o suficiente para se adaptar às exigências dos consumidores ou morrer em poucos anos.
Mas o que tudo isso tem a ver com a sua comunicação corporativa e, principalmente, com suas apresentações profissionais? Tudo! Se você ainda faz apresentações com estruturas clássicas como Quem Somos Missão Visão Valores Nossos Produtos/ Serviços Nossos Escritórios Nossos Prêmios Contatos você já deve ter sentido um gostinho de filme fotográfico na boca durante sua apresentação… E talvez não tenha entendido o motivo.
Explicando: estruturas clássicas como essa não consideram o seu consumidor. Ou melhor, sua audiência. Estas estruturas empurram goela abaixo da audiência informações sobre você. E sua audiência não quer simplesmente saber quem você é. Ela quer saber o que você pode fazer para melhorar a vida dela. A palavra central é benefício!
Desta forma, qual é o primeiro passo para construir uma apresentação que realmente apresente benefícios para sua audiência e, assim, promover maior conexão e engajamento do seu público? O primeiro passo é fazer o que as grandes marcas têm feito para adaptar os seus produtos, serviços, ofertas… Ou seja, para montar uma estratégia de comunicação, o primeiro passo é mapear com profundidade sua audiência.
Porém, mapear sua audiência não significa mapear o quem são. Mais do que saber quem é a pessoa com a qual você vai se reunir ou o seu cargo, é preciso mapear suas expectativas, dores, necessidades ou preconceitos em relação àquilo que será apresentado por você. Assim, você terá condições de criar uma apresentação e um discurso alinhado com esse diagnóstico. Você poderá mostrar que compreende a sua realidade e tem uma proposta que vá ao encontro deste cenário. Bingo!
O mundo mudou, o consumidor mudou, a audiência da sua apresentação mudou. E, caso você ainda não tenha percebido, ela nunca mais engoliu goela abaixo o discurso olha como eu sou bom. Ela quer ouvir eu entendo as suas necessidades e por isso vim lhe trazer uma proposta que pode lhe garantir inúmeros benefícios. Pense nisso. É a Seleção Natural atuando no universo das apresentações!
Portanto, se o consumidor é o Rei, a audiência da sua apresentação é a Rainha.
E não se atreva a ofender o reinado! Você pode ser transformado no bobo da corte… E, o pior: perder a cabeça.