A linguagem corporal não é uma ciência exata, mas você pode se comunicar melhor se entendê-la
Erros de linguagem corporal são gestos que, a depender do contexto, podem contribuir para que você transmita uma mensagem diferente daquela que deseja.
Mas é importante saber que essa não é uma ciência exata. Na verdade, nossa expressão como um todo, até mesmo a não verbal, é fruto da nossa cultura, do contexto em que estamos inseridos e da nossa própria identidade.
Por exemplo: você sabia que diversos estudos apontam que ocidentais e orientais expressam emoções de maneiras diferentes? E também que pessoas com autismo podem ter dificuldade em olhar nos olhos (algumas pesquisas mostram que em adultos nesse espectro a troca de olhares pode causar até mesmo um desconforto físico)?
Um conhecido experimento do psicólogo Carlos Crivelli, realizado em 2015 com os moradores da ilha Trobriand, na costa oriental da Nova Guiné, concluiu que a expressão de medo, por exemplo, não possui um caráter universal.
O pesquisador mostrou para alguns voluntários daquela ilha imagens de pessoas com o típico semblante ocidental do medo: olhos esbugalhados e boca escancarada.
Quando pediu aos participantes que identificassem o sentimento representado, ao contrário do que se esperava, os trobriandeses associaram essas expressões com sinais de agressividade e ameaça, e não de medo.
Mas partindo para um cenário micro, como uma apresentação profissional no escritório onde você trabalha, por exemplo — lá, todos estão inseridos em culturas semelhantes, então essa lógica não se aplica, certo?
Certo. Mas ainda assim, a linguagem corporal não se aplicará de maneira exata. Um simples gesto de coçar o nariz pode indicar nervosismo, mas também pode ser porque o apresentador está com uma bendita rinite alérgica bem na hora da apresentação.
É verdade que existem expressões de linguagem corporal que podem contribuir para uma mensagem diferente daquela que você deseja transmitir. E vamos listar esses “erros” a seguir, mas é fundamental saber que linguagem corporal não é uma ciência exata.
Ou seja, cruzar braços e pernas, virar de costas, colocar as mãos nos bolsos. Todos esses são gestos corporais que podem, em algum nível, dificultar a sua conexão com a audiência.
“Dar as costas para a audiência (que muitas vezes acontece ao mostrar algo na tela) pode dar a sensação de que não se importa, pode soar rude”, explica Eduardo Adas, sócio fundador da SOAP.
As pessoas podem interpretar essa postura “fechada” como uma indicação de desconexão ou nervosismo. Instantaneamente, podem se sentir menos atraídas para o que você tem a dizer.
Existem algumas experiências e estudos que sugerem, também, que esse tipo de expressão corporal é um mecanismo de defesa da pessoa que se sente desconfortável.
Portanto, mais do que se preocupar com seus braços e pernas apenas na hora da apresentação, é fundamental trabalhar internamente sua confiança e, naturalmente, sua postura tenderá a ser mais confiante.
Tente manter as costas eretas, as pernas descruzadas e os braços relaxados.
As pessoas querem se sentir conectadas a você e, se ficar encarando a parede no fundo da sala, isso será mais difícil. A menos em casos excepcionais em que isso seja, de fato, muito desconfortável, tente olhar para as pessoas.
“Encarar um ponto isolado na audiência nunca é uma boa ideia. As pessoas vão notar que você, na verdade, não está olhando para ninguém. Além disso, faz você parecer inseguro, assim como olhar para o teto.”
Você não precisa trocar olhares longos e intensos, apenas seja confiante e, de fato, dialogue com aqueles que estão ali presentes, não aja como se estivesse falando sozinho.
Ficar parado durante toda a apresentação também é considerado um erro de linguagem corporal. Ainda que a locomoção pelo local da apresentação não seja possível, busque relaxar para ficar à vontade, olhe para todos os lados, gesticule um pouco (quando isso fizer sentido para complementar a mensagem).
Especialmente se estiver em um palco muito grande, aproveite o espaço e caminho por todo ele, assim terá uma visão melhor da audiência e todos ali também poderão vê-lo melhor.
Além disso, o cérebro precisa de movimento para permanecer alerta. E se mover no espaço é uma forma de manter você e a audiência em alerta e atentos ao conteúdo.
Só não ande muito rápido, nem de forma repetitiva (como ficar indo e vindo o tempo todo). Isso pode deixar as pessoas tontas e pode transmitir nervosismo.
“Você deve se mover sempre que a mensagem pedir movimentação. Se você está falando com alguém da audiência, por exemplo, mova-se para um ponto mais próximo a essa pessoa. Se estiver apresentando uma lista de três pontos, use a movimentação para ilustrar a mudança do ponto 1 para o 2 e daí em diante.”
Dica do Edu: “se, ao apresentar — seja em um palco ou em uma sala —, você fica no mesmo lugar por receio de tropeçar ou cair, uma dica: use sapatos confortáveis.”
Caso não sorria, é provável que a audiência o perceba como uma pessoa muito séria ou fechada. Isso pode levar a um certo desconforto no geral, principalmente quando abrir um momento para perguntas e interação.
“Sorrir é a maneira ideal para fazer a audiência se sentir confortável e disposta a ouvir”, explica Edu.
Uma expressão mais relaxada, de modo geral, não necessariamente sorrindo o tempo inteiro, tende a deixar a audiência mais confortável e receptiva.
Ficar muito parado é um erro de linguagem corporal, mas gesticular em excesso também é. Ou seja, chacoalhar as mãos sem parar, ficar estalando os dedos enquanto fala, balançar as pernas enquanto está sentado.
“Os gestos devem servir para enfatizar e ilustrar as mensagens, não como muletas para quando não souber o que fazer com as mãos”, reforça Edu.
Gesticular em excesso pode fazer com que o apresentador pareça menos confiante ou até mesmo nervoso, o que pode afetar a credibilidade. O público pode interpretar essa linguagem corporal como uma falta de preparo ou segurança no material apresentado.
Além das informações verbais, o público também processa sinais não verbais. Então, gesticular demais pode sobrecarregar a audiência com muita informação ao mesmo tempo, dificultando a concentração no conteúdo.
Cabe destacar ainda os gestos que não são naturais ou que parecem forçados. A moderação é fundamental.
Os gestos devem ser usados de forma estratégica para enfatizar pontos importantes, expressar entusiasmo e conectar-se com a audiência. Treinar e receber feedback sobre a linguagem corporal pode ajudar a melhorar.
Quais são os erros de linguagem corporal mais comuns em uma apresentação, além daqueles discutidos ao longo deste artigo, e como lidar com eles? É o que contamos neste e-book exclusivo e gratuito.
Muitos estudos na área da linguagem corporal mostram que um dos fatores de maior impacto na comunicação é a expressão não verbal do apresentador. Por isso vale a pena ficar atento aos erros mais comuns de linguagem corporal em apresentações e, assim, comunicar sua mensagem de forma mais eficiente.
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