Recentemente, a consultora Vicky Bloch escreveu, em sua coluna no jornal Valor Econômico, um artigo cujo título é “Para mudar o mundo, comece mudando a si mesmo”.
Recentemente, a consultora Vicky Bloch escreveu, em sua coluna no jornal Valor Econômico, um artigo cujo título é “Para mudar o mundo, comece mudando a si mesmo”. O assunto é antigo. Como a própria autora diz, o filósofo grego, Sócrates, já utilizava como síntese de seu pensamento a máxima “Conhece-te a ti mesmo” — que seria a inscrição da entrada do Oráculo de Delfos. E isso foi há cerca de 2.400 anos.
Mas a perspectiva de Vicky Bloch é outra: a do desenvolvimento e do controle emocional no mundo dos negócios. Ela cita o norte-americano William Ury, especialista em negociações e mediação de conflito. Para Ury, o primeiro passo para uma pessoa ser bem-sucedida em qualquer debate é negociar com ela mesma. Em outras palavras, precisamos estar de acordo conosco para persuadir o outro.
Aqui na SOAP, o artigo trouxe muita reflexão. Afinal, quando se trata de construir apresentações no estado da arte, nossos alicerces são “engajar”, “convencer”, “persuadir” e “encantar”. A mensagem do texto se conecta à essência do nosso negócio desde quando ele foi criado.
Acreditamos que esse “acordo conosco” – que chamamos de “Eu Comigo” – é o ponto de partida para fortalecer a conexão com o outro por meio da comunicação. Só quando conhecemos a nós mesmos e nos conectamos com a nossa história é que conseguimos transmiti-la de maneira segura para o mundo.
Sabemos, porém, que este não é um processo fácil. A própria Vicky Bloch afirma que estamos condicionados a nos sabotar, mesmo que sem perceber. Reagimos de maneira incompatível com os nossos interesses, adotando comportamentos conflituosos. Além de trazer ansiedade, essa sabotagem pode comprometer a nossa performance em momentos decisivos de nossas carreiras.
Uma apresentação é um momento especialmente assustador. Nessas circunstâncias, a ansiedade pode atingir níveis estratosféricos, porque sempre achamos que não estamos devidamente preparados, e que o improviso vai levar à catástrofe.
Ora, é principalmente nesses momentos que temos que nos reaproximar de nós mesmos. Em que o “Eu comigo” deve prevalecer, para que assim nos conectemos ao outro. Para te ajudar a colocar a conexão consigo mesmo em prática, aqui vão algumas dicas para utilizar antes e durante as apresentações:
Procure manter o sono em dia: sem o repouso devido, é muito provável que falte a energia necessária para que você esteja inteiramente presente na apresentação, na negociação ou em qualquer outro momento decisivo.
Treine a atenção plena: há diferentes técnicas para exercitar a atenção plena. Uma das mais eficazes é fechar os olhos e concentrar-se no seu ciclo respiratório. Procure conectar a sua atenção à sua respiração, depois conte cada inspiração e cada expiração.
Deixe que seu pensamento esteja voltado apenas para essa atividade. Feito isto, acrescente um propósito; uma frase que será repetida como um mantra, sempre contando. Por exemplo: “estou preparado”, inspira e expira; “estou preparado”, inspira e expira, e por aí vai.
Foco no objetivo: tenha clareza em relação ao que você quer que sua audiência conclua. O que você pretende provocar de positivo nos seus interlocutores? Formule um objetivo, defina uma afirmação que, inclusive, pode se transformar na frase repetida no exercício acima. O fato de enxergarmos a possibilidade de ajudar pessoas nos motiva e gera bem estar.
Evoque experiências positivas: é muito provável que você já tenha vivido situações parecidas antes. Então, procure recuperar alguma experiência que você considere positiva. Lembre-se dos detalhes: que roupa você vestia? Como era o ambiente? Por que deu certo? Ao fazer isso, você estará revivendo essa experiência, o que gera um estado emocional favorável para a próxima.
Respire consciente e pausadamente: este exercício te ajuda a manter o controle durante o momento decisivo. Caso você sinta que está perdendo o equilíbrio, use pausas para retomá-lo. Por exemplo, faça perguntas retóricas aos seus interlocutores, o que te permite reunir valores em comum.
Observe sem julgar: eis aí uma dica fundamental. Estamos julgando o tempo todo, mas é preciso desarmar esse comportamento. Uma pessoa que olhe para o relógio durante sua apresentação não está, necessariamente, impaciente. Mas, caso você acredite que esteja, é provável que perca o fio da meada, que se desconecte. Aqui também manter a atenção plena é indispensável.
Use âncoras: esta dica se relaciona com o exercício de evocar experiências positivas. Procure definir alguns gestos corporais, sensações ou pensamentos que te levem de volta para aquela experiência.
E use-os sem moderação quando considerar que está perdendo o rumo. Essas são as chamadas “âncoras”, recursos que vão te manter firme no momento presente. E, de preferência, o mais próximo possível do principal porto seguro que existe: você mesmo.