5 aspectos fundamentais para a igualdade de gênero nas empresas

Igualdade de gênero nas empresas vai muito além de contratar mulheres. Saiba como promover uma verdadeira mudança de cultura

Treinamento SOAP
13/06/2023
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A igualdade de gênero nas empresas não é um debate recente, mas ainda há muito o que avançar neste tema. Muitas empresas pensam que estão promovendo um ambiente corporativo menos misógino pelo simples fato de contratar mais mulheres.  

No entanto, combater a desigualdade entre homens e mulheres vai muito além disso. Embora tudo comece na contratação – tanto é que várias empresas adotam a política de cotas –, essa é uma mudança que precisa passar também pela cultura.  

Sim, é verdade que tivemos bons avanços nos últimos anos. A taxa de participação feminina no mercado – que era de 34,8% na década de 90 – hoje já é de mais de 50%, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).  

O percentual de mulheres ocupando cargos de liderança no Brasil também aumentou para 38% (em 2019, a proporção era de 25%), segundo pesquisa realizada pela consultoria global Grant Thornton.  

Mas ter um determinado número de mulheres no quadro de funcionários é o suficiente?  

Para Renata Catto, especialista em liderança feminina e diretora de negócios da SOAP, onde 70% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres, não basta. Igualdade de gênero é uma mudança de cultura. 

“As pessoas na empresa precisam acreditar nesse movimento e entender sobre esse processo. (…) Não adianta apenas estabelecer políticas de auditoria e cotas. É sobre, de fato, promover um movimento de conscientização.”  

Mas o que significa, de fato, promover a igualdade? É o que vamos discutir neste artigo! 

O que é igualdade de gênero de verdade? 

Igualdade de gênero nas empresas é garantir que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades, direitos e um tratamento justo no ambiente de trabalho. Ou seja, vai muito além de apenas contratar mais mulheres.  

Isso significa eliminar a discriminação e criar um ambiente onde todos os funcionários tenham igualdade de acesso e possam alcançar seu pleno potencial, independentemente do gênero. 

Por isso, Renata Catto defende que os gestores não devem negligenciar um aspecto importante que deve andar lado a lado com a contratação ou promoção de mulheres: conscientização e criação de um ambiente de trabalho adequado para elas.  

“Imagine um diretor (misógino) que, após uma auditoria, seja obrigado a colocar três mulheres dentro de sua diretoria. O que ele faria? Ele poderia contratar três mulheres e fazer a vida delas ser um inferno, porque ele não acredita de verdade nelas, não acredita em seu potencial.” 

Renata Catto, diretora de negócios da SOAP 

Trata-se de, verdadeiramente, promover uma mudança de postura e de cultura. Aqui na SOAP, por exemplo, não foram adotadas políticas de cotas para que 70% dos cargos de liderança fossem ocupados por mulheres.  

Embora Renata reconheça a importância de políticas mais incisivas como essa e acredite que elas sejam, sim, necessárias em certos casos, não necessariamente são as cotas que transformarão a empresa em um lugar mais amigável para mulheres.  

Na SOAP, como conta a diretora, “de fato, a empresa foi dando oportunidades e as pessoas (mulheres) foram ganhando espaço de acordo com o que elas entregavam e sendo reconhecidas.” 

Mas como implementar esse tipo de mudança na prática? Vamos descobrir a seguir! 

5 aspectos fundamentais para a igualdade de gênero nas empresas 

É importante salientar que a realidade de cada negócio é diferente e, por isso, as medidas de igualdade e equidade devem ser personalizadas. Políticas que fazem sentido para grandes empresas e grupos, por exemplo, podem não fazer para pequenos negócios.  

Mas é possível promover a igualdade de gêneros em todas as empresas, respeitando alguns aspectos fundamentais como listado a seguir.  

Desenvolvimento 

Garantir que mulheres tenham acesso a programas de desenvolvimento profissional, treinamentos e oportunidades de progressão na carreira é fundamental para que possam avançar e alcançar cargos de liderança de forma equitativa. 

“As empresas podem abrir espaços e oportunidades de desenvolvimento focados neste olhar, para primeiro mostrar que estão preocupadas em ter presença feminina dentro da liderança e também transmitir segurança que, de fato, incentivam o desenvolvimento daquelas pessoas.” 

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Comunicação  

A comunicação é fundamental para empresas mais valorosas e que geram resultados. Na mesma medida, também é um dos aspectos fundamentais da igualdade de gênero. Afinal, sem comunicação aberta, como colaboradores poderão se expressar, se defender, vender ideias? 

Vale destacar ainda que a comunicação, muitas vezes, é motivo de preconceito de gênero: mulheres podem ser atacadas quando falando de forma assertiva por serem “duras demais”, da mesma maneira podem ser taxadas de fracas quando só estão tentando ser empáticas.  

Por isso, defende Renata Catto, especialmente mulheres devem se preocupar em desenvolver sua comunicação da melhor forma possível para minimizar esses julgamentos e as empresas podem contribuir, oferecendo treinamentos de comunicação, por exemplo.  

“Se é um homem falando firme, ele é considerado assertivo, já a mulher é grossa. Quando um homem age de forma empática, ele é querido e fofo, mas a mulher é fraca. (…) Com a comunicação assertiva e adequada, elas podem minimizar esses julgamentos que vêm de percepções já rotuladas”, destaca a diretora. 

Participação 

Como fomentar a participação de mulheres nas empresas? Essa é uma das principais provocações que Renata sugere para que gestores desenvolvam políticas de igualdade e equidade de gênero.  

Com mais espaço para participação, além de se sentirem mais valorizadas, as mulheres poderão contribuir muito mais para os resultados da empresa.  

“Podemos promover, por exemplo, encontros entre mulheres, trazer as líderes para papos abertos, rodas de conversa para inspirar umas às outras”, sugere a especialista. Outras iniciativas podem incluir mentorias das próprias líderes da empresa, workshops. 

Proteção 

“Eu acredito que as empresas não têm o poder de impedir que todas as mulheres passem por situações preconceituosas. Mas elas têm a chance de dar espaço para essas pessoas se sentirem confortáveis e seguras para falar sobre essas situações. E elas têm o dever de agir para corrigir essas situações para que não aconteçam mais”, alerta Renata.  

Mesmo que a empresa adote todas as medidas de inclusão e igualdade de gênero, mesmo que promova a conscientização, a verdade é que as mulheres ainda estão suscetíveis a situações desagradáveis.  

Por isso, é papel das empresas adotarem políticas de prevenção e também soluções para lidar com casos de misoginia: canais de denúncias, não admitir casos na empresa e pulso firme para lidar com aqueles que não respeitarem as regras. 

Equidade 

Justiça deve ser palavra de ordem para promover a igualdade de gênero nas empresas e, além disso, equidade. Ou seja, é sobre proporcionar condições igualitárias a todos os gêneros, levando em consideração suas necessidades e circunstâncias específicas. 

Enquanto a igualdade busca tratar todos de forma igual, a equidade é uma ideia que vai além e busca meios para que essa igualdade seja atingida. Em outras palavras, busca tratar as pessoas de maneira justa e personalizada, reconhecendo as diferenças e desigualdades existentes na sociedade para superá-las. 

Balança com um homem de um lado e uma mulher de outro, representando a igualdade de gênero
Para além da igualdade é preciso desenvolver a equidade de gênero

Na prática, isso pode incluir as cotas, igualdade salarial, auditorias. Desde que esse tipo de política seja acompanhado de conscientização e mudança de cultura no meio empresarial.  

Por que minha empresa deve se preocupar com isso? 

A importância da igualdade de gênero dentro das empresas vai além de simples “mimimi”, como muitos gostam de dizer, ou de um movimento temporário. É sobre diversificar as formas de pensar e, com isso, alcançar resultados melhores e mais criativos.  

“Por isso, ao falarmos em diversidade, penso que não devemos pensar só em participação feminina, mas somar com a diversidade de uma maneira geral. (…) A partir do momento que se começa a inserir diversidade em várias esferas, ampliamos as formas de pensar”, ressalta Renata. 

Os dados não mentem. Segundo o relatório Women in Business and Management: The Business Case for Change, divulgado em 2019 pela ONU, empresas com líderes femininas têm resultados até 20% melhores. 

A pesquisa ainda relatou que mais da metade dos negócios participantes (57% de 70 mil empresas em 13 diferentes países) percebeu uma melhora na imagem pública e na reputação ao contratarem e promoverem mais mulheres.  

As equipes com maior participação feminina também apresentaram ganhos em produtividade, geração de lucro, criatividade e inovação. 

Vale destacar ainda que a presença de mulheres na gestão a participação aumenta o índice ESG das empresas, o que atrai investidores e potencializa resultados. Além de mais diversidade e do fortalecimento da marca, há a contribuição para uma sociedade mais justa e igualitária.  

“Não é sobre colocar pessoas no lugar que tem que colocar. É sobre desenvolver, acreditar e permitir que essas pessoas somem. Por isso que eu acredito no movimento de fortalecer as vozes femininas. (…) O homem não vai perder o espaço para uma mulher. O branco não vai perder espaço para o negro. A gente vai somar, tem espaço para todo mundo.” 

Renata Catto, diretora de negócios da SOAP 


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