Em janeiro de 2023, a artista multimídia brasileira Igi Lola Ayedun marcou seu lugar como vanguardista no uso da Inteligência Artificial (IA) no processo artístico ao lançar um ensaio totalmente baseado em IA.
Em janeiro de 2023, a artista multimídia brasileira Igi Lola Ayedun marcou seu lugar como vanguardista no uso da Inteligência Artificial (IA) no processo artístico ao lançar um ensaio totalmente baseado em IA.
A série de fotografias “Blue Revolution”, inspirada em sonhos e em histórias reais, foi criada para representar a vivência de mulheres negras imigrantes na Paris de 2005.
O trabalho rendeu a Ayedun a seleção na 10ª edição da Bolsa de Fotografia ZUM, promovida pelo Instituto Moreira Salles.
Mas com a inovação, o reconhecimento e o encanto de muitos, vieram também questionamentos: pode uma série de imagens feitas por um programa ser considerada arte?
Nos comentários de uma publicação sobre a série de Ayedun nas redes sociais, uma internauta questionou: “como alguém pode achar isso bom? Ela eliminou do processo cinco profissões em alguns cliques. Não tem mais modelo, fotógrafo, figurinista, maquiagem ou artista”.
Ao que Ayedun respondeu: “Artista tem. Figurino e maquiagem também. Fotógrafo também. Sou artista, stylist, fotógrafa e diretora de arte há 16 anos”.
O diálogo é a representação mais sucinta das discussões em torno de tudo que está relacionado ao uso da IA. Por um lado, a mão de obra deixada de lado, por outro a maior acessibilidade que a tecnologia proporciona.
Isso é apenas a ponta do enorme iceberg que é o debate sobre o impacto da Inteligência Artificial no mercado de trabalho, no design e em trabalhos criativos de modo geral.
Enquanto alguns parecem um pouco apavorados com a possibilidade de serem substituídos por um programa, outros acreditam que não é preciso ter medo, mas sim aprender a usar a IA como ferramenta.
Talvez a pergunta certa seja: como a Inteligência Artificial já está impactando o design?
Nos últimos anos, houve um avanço significativo no desenvolvimento de modelos de IA que são capazes de gerar conteúdo de alta qualidade em diversas áreas, como imagens, música e texto.
Plataformas como ChatGPT, Dall-E, Stable Diffusion, Hugging Face, AlphaCode, Midjourney estão entre as mais populares e já estão fazendo parte do dia a dia profissional de pessoas ao redor do mundo.
Esses modelos são alimentados por algoritmos de aprendizado de máquina que analisam grandes quantidades de dados e aprendem a reproduzir padrões encontrados nesses dados.
A questão é que a eficiência dos programas atinge um nível cada vez mais impressionante. Exemplos como o de Igi Lola Ayedun são perfeitos para ilustrar como essas ferramentas podem criar imagens impactantes.
Uma das principais barreiras para o uso dessas ferramentas de Inteligência Artificial, especialmente no mercado de design e produção de conteúdo e no uso criativo no geral, são suas referências limitadas.
Apesar do avanço, esses modelos são treinados com base em dados já existentes. Portanto, podem reproduzir, por exemplo, preconceitos e erros presentes nesses dados de referência.
Além disso, a criação de conteúdo de alta qualidade requer um nível de habilidade e criatividade que essas máquinas ainda não conseguem reproduzir.
Como destaca Arthur Heyn, design thinker da SOAP, essas ferramentas utilizam como repertório o que já foi feito.
“Tudo que ele (o ChatGPT e outros modelos de IA) cria, tudo que ele gera de texto é com base de ontem para o passado. Se a gente só criar coisas a partir dessas plataformas, de alguma forma podemos estar barrando a inovação, porque não há nada de novo sendo feito e sim tudo sendo feito com base naquilo que já existia”.
Essa característica dos modelos de IA inclusive levanta um outro debate: o de propriedade intelectual. Além da criação em si ficar desprotegida de direitos autorais, existe o temor a respeito do uso de referências já existentes.
Uma imagem gerada por IA, por exemplo, pode ficar muito parecida com uma obra original. Por isso, na prática profissional, alguns especialistas recomendam que designers evitem usar essas imagens para fins comerciais.
Na opinião de Arthur Heyn, todas essas plataformas de IA impactam, sim, nas criações de narrativa, de imagem e de geração de conteúdo no geral. Mas é importante que esses conteúdos sejam trabalhados, finalizados, lapidados.
“Pense como você pode adaptar, como você pode tratar aquela imagem (…), pensar em algo das suas referências, que você viu no dia a dia, para poder enriquecer o discurso e não ficar todo mundo fazendo tudo igual e barrando a inovação”, alerta.
É importante, portanto, usar essas ferramentas de forma responsável e ética, sempre lembrando que a criatividade e a habilidade humana ainda são essenciais na criação de conteúdo significativo e de qualidade.
De fato, em alguns casos a IA pode executar tarefas repetitivas e previsíveis com mais rapidez e eficiência do que um ser humano. Porém, ela ainda não pode substituir a criatividade e o pensamento crítico que são essenciais no processo de design.
Ela pode ser uma ferramenta valiosa para os designers, ajudando-os a aprimorar suas habilidades e a produzir projetos, automatizar tarefas rotineiras e até mesmo a geração de ideias para novos projetos.
A capacidade dessa tecnologia de analisar grandes quantidades de dados e aprender com eles permite que ela produza soluções de design que atendem a necessidades específicas.
No entanto, isso não significa que a IA vai substituir completamente os designers. Pelo contrário, eles continuarão a desempenhar um papel fundamental no processo de criação, como no caso de Igi Lola Ayedun.
Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, em um artigo na Folha de S. Paulo descreve bem o paradoxo do debate: “por um lado, isso democratiza habilidades que antes eram especializadas. Por outro lado, tem o potencial de destruir o valor da criatividade”.
É importante saber que lutar contra avanços tecnológicos é praticamente impossível.
Na verdade, designers e todos no mercado precisam entender e discutir formas de integrar essa nova tecnologia. E os governos e autoridades precisam pensar em formas de regulamentação.
A Inteligência Artificial pode ser útil para melhorar apresentações corporativas, desde a criação de imagens e design até a análise de dados e recomendações de conteúdo.
Modelos como Dall-E, Midjourney ou o mais recente lançamento da Adobe, Firefly, por exemplo, podem ser usados para criar imagens a partir de descrições de texto, permitindo criar cenas personalizadas para suas apresentações de forma rápida.
Já existem até mesmo ferramentas como a Beautiful.AI, que usa a Inteligência Artificial para sugerir designs e layouts com base no conteúdo da apresentação. Fora o próprio ChatGPT, que pode auxiliar na produção do conteúdo escrito.
Aqui entra a necessidade de um uso ético e responsável das ferramentas de Inteligência Artificial. Como destacado por Arthur Heyn, o uso de imagens de forma comercial requer cuidado.
Saiba mais sobre as tendências para o futuro do design, IA e como usar tudo isso nas suas apresentações na live completa com o especialista Arthur Heyn:
Com ou sem Inteligência Artificial, você sabe fazer um design que convence? O treinamento SOAP Slides pode te ajudar a desvendar a criação de visuais incríveis utilizando as técnicas corretas, além de explorar importantes recursos da ferramenta Microsoft PowerPoint.
Você e seu time podem aprender:
Ficou interessado?