Você sabia que existe um Campeonato Mundial de Oratória? Ano passado o palestrante campeão teve sua apresentação desconstruída pelo Business Insider e nós traduzimos nesse post.
Você sabia que existe um Campeonato Mundial de Oratória? Ano passado o palestrante campeão teve sua apresentação desconstruída pelo Business Insider e nós traduzimos nesse post.
Esse ano o campeonato realizado pela Toasmaster International consagrou o árabe Mohammed Qahtani com a palestra “O Poder das Palavras”, da qual você pode acompanhar os melhores momentos abaixo.
Desses trechos curtos do vídeo já foi possível destacar 3 técnicas que Mohammed utilizou muito bem em sua palestra para despertar e manter a atenção da audiência em sua apresentação.
1) Inversão de expectativa
Mohammed inicia a palestra indicando que vai acender um cigarro. Pelos risos da platéia, nota-se que o ato foi logo percebido como uma grande piada, já que ninguém imaginou que o palestrante tivesse tamanha ousadia de desafiar um senso comum (e a lei) para fumar diante de todos. E realmente foi, já que ele não acendeu o cigarro.
Só que em seguida, ele se baseia nesse próprio senso comum para abordar uma suposta hipocrisia da sociedade sobre o tema. Mohammed argumenta que o diabetes mata três vezes mais que o cigarro. Mas que se ele puxasse uma barra de chocolate ninguém diria nada. Depois reforça que o câncer de pulmão tem como causa mais comum não o cigarro, e sim a genética.
A expectativa da audiência, que antes era por alguma sátira com o cigarro, agora por uns instantes se inverte, oscilando entre incerteza e desconforto. Mohammed vai além e diz que toda a campanha anti-tabagista tem por objetivo acabar com o cultivo da planta. Nesse momento, dá para imaginar a pergunta na cabeça da audiência: “Será que ele vai mesmo fazer uma defesa da indústria do tabaco?”
Mas ele inverte essa expectativa novamente, quando revela que usa todo esses argumentos inventados – com pausa para risos de alívio – para mostrar o poder das palavras.
Com essa técnica, ele provocou oscilações de emoção na audiência criando expectativas e depois as derrubando para criar outras e derrubá-las novamente. E assim, conseguiu gerar entendimento em um nível mais profundo sobre o tema central da palestra.
2) Dramatização
Em outro momento, Mohammed conta a história de um jovem com um pai que não se impressiona facilmente. De uma forma quase teatral, ele dramatiza a admiração que o jovem tem pelo pai, bem como a decepção por, ano após ano, não conseguir fazer o pai se orgulhar dele.
Utilizando-se de ênfase vocal, pausas e expressividade facial, Mohammed faz o que uma boa dramatização deve fazer: evoca imagens na cabeça da audiência. Nos faz imaginar aquela cena, vivenciá-la como se estivéssemos ao lado desse jovem no momento em que ele liga para o pai, ansioso por contar que só tirou nota 10 no primeiro ano da faculdade. “Agora ele finalmente– com ênfase – vai se orgulhar de mim!”, pensa ele.
A voz de Mohammed chega a mudar um pouco para interpretar o apelo do filho ao pai: “Por favor, diga que você está orgulhoso de mim!” Uma pausa dramática muito bem aplicada antecede a resposta do pai: “Escuta, filho. Terei que retornar depois. Estou ocupado.” O silêncio sepulcral na audiência diz tudo.
3) Conversa um a um
Entre o uso de histórias reais e casos inventados, Mohammed trouxe sua mensagem de forma direta, clara e sempre em tom pessoal, como uma conversa com a audiência, um a um, usando pronomes no singular, como por exemplo:
“Uma simples escolha de palavras faz a diferença entre a pessoa aceitar sua mensagem e negá-la.”
“Você pode ter algo lindo para dizer. Mas diga nas palavras erradas e já era!”
E em sua última frase, ele volta a usar esse recurso ao se dirigir à audiência para um chamado à ação, onde usa uma metáfora para pedir às pessoas que usem o poder das palavras para fazer o bem.
“Sua boca pode cuspir veneno ou remendar uma alma quebrada
Deixem ser esse o nosso objetivo.”
Apenas nessa última frase, Mohammed se coloca junto com a audiência na primeira pessoa do plural. E diz isso amassando o cigarro com o qual abriu a palestra.
Assim, de forma simbólica, essa ação deixa clara qual o objetivo dele.
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